Porquê Conservar?
O panorama atual da conservação das espécies no nosso planeta é preocupante. Cerca de 30% da biodiversidade do planeta foi perdida em apenas trinta anos, o que equivale a dizer que estamos em plena sexta era de extinções massivas. No entanto, o que distingue esta era das anteriores é a velocidade alarmante a que os acontecimentos se sucedem, ou seja, o que no passado se prolongou por milhões de anos, concretiza-se agora em dezenas. Assim, não é permitido aos ecossistemas adaptarem-se, pondo em perigo a própria raça humana.
As sociedades do século passado assentaram no desenvolvimentos tecnológico e científico ignorando o meio envolvente. O planeta mergulhou numa crise socio-ambiental profunda. De tal forma que no séc.XXI impõe-se ao Homem a correção das suas ações negligentes sobre o ambiente.
Ações essas que originaram mudanças ambientais que todos podemos observar e sentir e que estão a causar impactos sócio-ambientais negativos às populações – desflorestação de vastas áreas, erosão dos solos agrícolas, urbanização excessiva, poluição urbana, degradação da qualidade das águas para consumo e para recreio, aquecimento global e extinção de espécies. Os impactos de tudo isto são enormes, nomeadamente no aumento da pobreza e na exclusão de grande parte da humanidade.
Enfrentar estes desafios ambientais é uma questão de políticas adequadas, de organismos criativos e adaptáveis, de cidadãos conscientes, envolvidos e informados.
Estima-se que cerca de 27 000 espécies animais são extintas anualmente, o que corresponde a uma média de 74 por dia. Deste modo, o desenvolvimento de ações de conservação e preservação tem sido cada vez mais necessário.
O Badoca Safari Park está constantemente empenhado na sua missão de contribuir para a preservação e conservação das suas espécies, garantindo que reúne todas as condições naturais e necessárias para que estas vivam em plena liberdade e no seu habitat natural. Além disso, os fundos angariados através dos apadrinhamentos são para ajudar a alimentar e alojar os nossos animais e proporcionar-lhes excelentes condições de bem-estar. Estes fundos permitem também ao Badoca Safari Park participar nos Programas de Reprodução em Cativeiro com as espécies ameaçadas que habitam no parque (girafas, órixes, lémures de barriga vermelha, gnus de cauda branca, búfalos do Congo, entre outros).
Como Conservar
Idealmente, a conservação das espécies deveria ser consequência da preservação dos seus ecossistemas naturais, a isso chama-se conservação in situ. Contudo, muitas vezes, a conservação in situ de espécies em vias de extinção é bastante difícil, ou mesmo impossível, devido à progressiva destruição e fragmentação dos habitats, à captura e caça de indivíduos das espécies em questão, à poluição e à introdução de espécies exóticas que afetam negativamente as espécies autóctones. Por estas razões, o que se faz para conservar as espécies é associar ações de conservação in situ a ações de conservação ex situ (fora do habitat natural das espécies, como por exemplo nos parques zoológicos). Se assim não for feito, corre-se o risco de extinção das espécies.
A «International Union for the Conservation of Nature» (IUCN), que orienta os esforços dos parques zoológicos com maior importância a nível mundial, tem como objetivo «influenciar, encorajar e ajudar as sociedades existentes por todo o Mundo, a conservar a integridade e a diversidade da Natureza e a assegurar que qualquer uso dos recursos naturais seja equitativo e ecologicamente sustentável».
Conservação In Situ
A conservação in situ passa, em primeiro lugar, pela preservação dos habitats naturais das espécies e, consequentemente, pela fundação e gestão de parques ou reservas naturais. A reintrodução de espécies que desapareceram do seu habitat natural é também um dos procedimentos postos em prática, quando as ameaças que levaram à extinção da espécie em questão já não estiverem presentes.
Deste modo, a «World Association of Zoos and Aquaria» (WAZA) procura envolver o maior número de parques zoológicos na preservação dos habitats e a fazer deles elementos-chave nas organizações não governamentais (exemplo: EAZA) para a conservação. Em Portugal e Espanha temos o exemplo da constituição de uma «Associação Ibérica de Zoos e Aquários» (AIZA).
Neste contexto, o Badoca Safari Park é também membro da Associação Europeia para o Estudo e Conservação dos Lémures (AEECL). A AEECL é um consórcio formado pela European Zoological Gardens and Universities, que uniu esforços com vista a levar a cabo a conservação e a execução de projetos de investigação de diferentes espécies de Lémures, primatas endémicos de Madagáscar e que estão em vias de extinção devido à destruição do seu habitat e à caça para consumo humano.
Através da AEECL apoiamos financeiramente o esforço na conservação do património natural de Madagáscar. Este ano, uma das principais conquistas foi o estabelecimento de um novo parque natural “Parc National de Sahamalaza-Iles Radama”. Um outro objetivo desta associação é o estabelecimento de áreas protegidas em zonas chave de Madagáscar, sendo muito provável que, nos próximos 5 anos, 10% de Madagáscar seja área protegida.
Conservação Ex Situ
Muitas vezes a conservação in situ de espécies em vias de extinção é difícil ou mesmo impossível devido à destruição massiva dos habitats ou à caça, entre outras razões, e por isso surge como de vital importância a conservação ex situ, ou seja fora do habitat natural das espécies, como acontece no Badoca Safari Park.
A conservação ex situ é realizada através da participação em programas de reprodução em cativeiro, graças aos quais é possível: conservar espécies ameaçadas, diversificar geneticamente as populações em cativeiro e posteriormente reintroduzi-las no seu habitat. Na Europa, estas ações denominam-se «European Endangered Species Program» (EEP) e são coordenadas pela «European Association of Zoos and Aquaria» (EAZA).
No Badoca Safari Park temos algumas espécies abrangidas por este programa (EEP), nomeadamente as Girafas e os Órix Cimitarra.
O órix é um antílope robusto de origem africana. Na Badoca vive uma manada com seis indivíduos. Esta é uma espécie em elevado risco de extinção. Os seus congéneres selvagens foram já extintos do seu habitat natural nos anos 50/60. Com um grande esforço de toda a comunidade zoológica mundial, estes animais foram reintroduzidos a partir de 1985 em dois parques naturais na Tunísia, parte da sua área geográfica original. Isto foi possível graças a uma eficiente gestão da reprodução da população de órixes em cativeiro.
Conseguiu-se um grupo geneticamente viável para reintrodução na natureza e recursos financeiros que possibilitaram a viabilidade deste projeto. Atualmente no estado selvagem existem cerca de 100 indivíduos.
Temos ainda algumas outras espécies de animais (Sitatungas, Lémures de barriga vermelha, Kudus, Gnus de cauda branca e Búfalos do Congo) que não sendo abrangidos por um EEP, são registados num studbook devido ao baixo número de indivíduos em estado selvagem que necessita de ser controlado para verificar a evolução da respetiva população.